Poucas experiências no mundo se comparam ao trekking de gorilas. Encontrar esses animais majestosos em seu habitat natural é raro, exclusivo e profundamente transformador.
Entre as principais regiões onde isso é possível estão Uganda e Ruanda, dois países da África Oriental que oferecem muito mais do que vida selvagem: paisagens deslumbrantes, culturas riquíssimas e histórias fascinantes.
Neste artigo, vamos apresentar cada destino, explicar as diferenças entre os parques, detalhar a experiência de trekking e dar dicas sobre como planejar sua viagem para aproveitar ao máximo essa aventura.
Uganda: a Pérola da África

Conhecida como a “Pérola da África” por sua impressionante diversidade natural, Uganda é um país de montanhas, florestas tropicais densas, grandes lagos e uma biodiversidade exuberante.
É ideal para quem deseja se conectar profundamente com a natureza e a cultura local.
Trekking de gorilas em Uganda
O trekking acontece principalmente no Parque Nacional Impenetrável de Bwindi, e em menor escala no Parque Nacional Mgahinga.
O nome do primeiro não é por acaso. A vegetação densa, úmida e fechada torna o trekking desafiador, com trilhas íngremes e longas caminhadas que variam de 2 a 8 horas, enquanto o encontro com os animais dura cerca de 1h.
Apesar da dificuldade, a recompensa é única: encontrar os gorilas-das-montanhas em seu habitat natural é uma experiência emocionante.
Cada grupo de visitantes é formado por até oito pessoas, o que garante uma experiência íntima, segura e de baixo impacto ambiental.
A permissão para participar do trekking custa cerca de USD 800 por pessoa (cerca de R$ 4.500) e inclui o acompanhamento de guias especializados, que conduzem o grupo até famílias de gorilas já habituadas à presença humana.
Experiências culturais e turísticas
Além do trekking, Uganda oferece diversas experiências culturais e naturais:
- Montes Rwenzori, também chamados de Montanhas da Lua, com picos cobertos de neve e trilhas desafiadoras;
- Monte Elgon, vulcão extinto na divisa com o Quênia;
- Centro Cultural Ndere, com apresentações tradicionais de diversos povos;
- Tumbas Kasubi, local espiritual e político de grande relevância para o povo Ganda;
- Parque Nacional Queen Elizabeth, perfeito para safáris em busca do Big Five, com destaque para hipopótamos e crocodilos no Canal de Kazinga.
Como chegar

Partindo da capital Kampala, o trajeto por terra dura de 9 a 10 horas, passando por paisagens típicas da África Oriental, com vilarejos, plantações de banana e colinas verdes que anunciam a chegada à região das florestas tropicais.
Para quem prefere mais conforto, há a opção de voar até Bwindi — o trajeto aéreo dura cerca de 1h30, e muitos viajantes optam por pernoitar na região do Lago Mburo, aproveitando para incluir um safári ou passeio de barco antes de seguir viagem.
Uganda é bem conectada com os principais hubs aéreos do continente, com voos internacionais operados por companhias como South African Airways, Latam, Qatar Airways, Emirates, Ethiopian Airlines e Iberia.
Essas rotas permitem combinar facilmente o destino com outros países da África, tornando o acesso ao país mais prático e integrado a itinerários maiores.
➔ Entre maio e novembro, é possível obter até 30% de desconto no ingresso (permit) do Parque Nacional dos Vulcões, desde que o visitante combine a experiência com pelo menos duas noites em outro parque nacional, como o Nyungwe ou o Akagera.
Ruanda: a Terra das Mil Colinas

Conhecida como a “Terra das Mil Colinas”, Ruanda encanta com suas paisagens vulcânicas, lagos e uma cultura vibrante.
O país proporciona uma experiência confortável e bem estruturada, sendo uma excelente opção para quem tem pouco tempo ou prefere o turismo de luxo.
Trekking em Ruanda
No norte, o Parque Nacional dos Vulcões é o principal destino para o trekking de gorilas, onde a conservação da fauna e o turismo sustentável caminham lado a lado.
As trilhas em Ruanda tendem a ser mais acessíveis do que em outros destinos da região, graças à vegetação menos densa em certos trechos e às caminhadas que podem durar de 30 minutos a até 7 horas.
A permissão para o trekking custa cerca de USD 1.500 por pessoa (cerca de R$ 8.000) e inclui o acompanhamento de guias experientes, que conduzem grupos de até oito visitantes a famílias de gorilas habituadas à presença humana.




Experiências culturais e turísticas
Além do trekking, Ruanda oferece diversas experiências culturais e naturais:
- Museu do Palácio do Rei, uma reconstrução da antiga residência real tradicional;
- Museu Etnográfico, com exposições que demonstram a diversidade cultural e histórica do país;
- Gisenyi, segunda maior cidade de Ruanda, às margens do Lago Kivu, ideal para relaxar e visitar aldeias próximas;
- Kigali, capital moderna onde o Memorial do Genocídio é visita essencial para compreender a história recente do país;
- Parque Nacional de Akagera, que proporciona safáris para observar elefantes, girafas, leões, hipopótamos e uma grande variedade de aves.
Como chegar

O acesso é feito por via terrestre, em uma viagem de carro que dura de duas a três horas a partir de Kigali.
A capital é bem conectada a diversas partes do mundo, com voos internacionais operados por companhias como British Airways, Qatar Airways, Ethiopian Airlines, KLM e Turkish Airlines.
Diferenças práticas entre Uganda e Ruanda
| Categoria | Uganda | Ruanda |
| Parque | Parque Nacional Impenetrável de Bwindi | Parque Nacional dos Vulcões |
| Cenário | Florestas tropicais densas, montanhas e lagos | Paisagens vulcânicas, colinas, lagos e florestas de bambu |
| Número de famílias habituadas | 25 famílias (do total de 40) | 10 famílias |
| Dificuldade das trilhas | Exigentes, trilhas íngremes, mata densa e úmida | Terreno mais acessível, trilhas abertas e menos densas |
| Tipo de experiência | Mais rústica, cultural e imersiva | Mais exclusiva, confortável e com opção de bate-volta |
| Público ideal | Quem busca natureza, cultura e tem mais tempo | Quem tem pouco tempo e prefere mais conforto |
| Permissão de trekking | USD 800 por pessoa | USD 1500 por pessoa |
➔ Em Uganda, também é possível pré-agendar a família de gorilas que você verá. Em Ruanda, essa definição é feita apenas na manhã do trekking, de acordo com a localização das famílias no dia.
Quando ir
Os trekkings acontecem o ano todo, e cada estação oferece uma perspectiva única da natureza local, por isso a escolha depende do tipo de experiência que se busca.
Durante a estação seca, de junho a setembro e de dezembro a fevereiro, as trilhas estão mais firmes e o acesso às áreas de floresta é mais fácil, embora o clima tropical signifique que alguma chuva sempre pode ocorrer.
Já a estação chuvosa, de março a maio e de outubro a novembro, deixa o terreno escorregadio e o deslocamento mais desafiador — por outro lado, a paisagem fica mais verde e exuberante, e há menor fluxo de visitantes.
Vistos e entrada nos países
Para visitar Uganda e Ruanda, brasileiros precisam de visto, que pode ser solicitado de forma simples e online ou emitido na chegada ao país, além de apresentar o comprovante de vacinação contra febre amarela.
O custo para emissão do visto é de USD 50 por pessoa (cerca de R$ 300) e o passaporte deve estar dentro da validade.
Em Ruanda, o processo pode ser feito com antecedência pelo site oficial do governo ou diretamente no aeroporto. Já em Uganda, o visto deve ser solicitado online pelo portal do Controle de Imigração do país.
Mais do que uma viagem, o gorilla trekking em Uganda e Ruanda é uma vivência transformadora. Caminhar pelas florestas tropicais e colinas vulcânicas, em busca dos raros gorilas-das-montanhas, é testemunhar de perto a força da natureza e o impacto positivo do turismo responsável.


